Implante autólogo de condrócitos no tratamento das lesões osteocondrais do talo

Autores

  • Caio Nery
  • Christiane Lambello
  • Cibele Réssio
  • Inácio Asaumi

Palavras-chave:

Condrócitos; Implantes; Procedimentos ortopédicos/métodos; Talus/cirurgia; Implantes autólogos Nível de evidência: IV – Terapêutica.

Resumo

Objetivo: A cartilagem hialina humana apresenta baixíssima capacidade reparadora, sendo sua reação mais comum a formação de fibrocartilagem, resultado da estimulação de células medulares, capaz de restaurar apenas pequenas áreas. Além disso, a fibrocartilagem possui características inferiores às da cartilagem original. Várias tentativas vêm sendo feitas no sentido de se conseguir métodos para a reparação de superfícies articulares lesadas por tecido cartilaginoso hialino. O objetivo deste trabalho foi analisar, por meio da clínica, da imagem e da histologia, os resultados da utilização do implante autólogo de condrócitos no tratamento das lesões osteocondrais do talo. Métodos: Foi realizado o implante autólogo de condrócitos para o tratamento de lesões osteocondrais do talo em cinco pacientes consecutivos que preencheram os critérios de inclusão previstos para este estudo. Três pacientes eram do sexo feminino e dois do sexo masculino. A média da idade no momento da cirurgia foi de 28 anos, variando de 20 a 39 anos. Todos os pacientes tinham sido submetidos a tratamento cirúrgico prévio sem obter resultados satisfatórios quanto à cura da lesão e à remissão dos sintomas. O procedimento utilizado neste estudo é composto por três fases: artroscopia dupla (joelho e tornozelo) para coleta de cartilagem hialina saudável e inventário do tornozelo; processamento e cultivo dos condrócitos; implantação propriamente dita, realizada por meio de artrotomia e confecção de câmara hermética com dois folhetos periostais sob a forma de sandwich. A avaliação dos pacientes foi feita de forma prospectiva seguindo roteiro pré-determinado, tendo sido obtidas radiografias de controle, ressonâncias magnéticas aos 90 e 180 dias e artroscopias de verificação (second-look) com biópsia do centro da zona de reparação ao final do primeiro ano pós-operatório. A avaliação clínica serviu-se de Escala Analógica Visual para o sintoma “dor” e as recomendações da AOFAS em seu escore para tornozelo e retropé. Resultados: Todos os pacientes foram revisados após tempo médio de acompanhamento de 67 meses (mínimo: 55; máximo: 75 meses) tendo havido melhora substancial no índice da AOFAS, cuja média pré-operatória passou de 41,2 para 92,8 no pós-operatório, e da dor, que passou da média 8,0 pré-operatória para a média de 1,6 no pós-operatório. As imagens radiológicas demonstraram a consolidação da zona de osteotomia do maléolo tibial em todos os pacientes analisados. As ressonâncias magnéticas obtidas aos 180 dias após a cirurgia mostraram o completo preenchimento das lesões na totalidade dos casos, embora alguma irregularidade de superfície pudesse ser observada em dois pacientes (40%). Na avaliação de 12 meses, todos os pacientes haviam retornado às suas atividades pregressas – incluindo esporte amador – sem queixas ou limitações relativas à cirurgia. Durante a artroscopia final, todas as lesões mostraram-se completamente preenchidas por tecido com as mesmas características macroscópicas do restante da articulação, embora levemente mais amolecido. A análise histológica das biópsias obtidas do centro das zonas preenchidas (antigas lesões) demonstrou tratar-se de cartilagem hialina em todos os pacientes desta amostra. Conclusões: Apesar do pequeno número de pacientes estudados, a excelência dos resultados obtidos sugere que a implantação autóloga de condrócitos é um método efetivo e seguro para o tratamento das lesões osteocondrais do talo.

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Publicado

2010-12-31

Edição

Seção

Artigos Originais

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